segunda-feira, 28 de julho de 2014

Câmara questiona transferência do aeroporto em Cláudio

José Maria Tomazela

A Câmara vai questionar o acordo com o governo estadual que levou a prefeitura de Claúdio, no interior de Minas Gerais, a assumir a manutenção do aeroporto construído em terreno desapropriado do tio-avô do presidenciável Aécio Neves (PSDB). Conforme informou o prefeito José Rodrigues Barroso de Araújo (PRTB), o Estado assinou um termo de ajuste repassando o aeroporto para o município em 30 de junho deste ano. Segundo o presidente do Legislativo, Neli Rodrigues de Moura (PSD), o acordo foi feito sem consulta à Câmara e vai gerar despesa para o município.
O caso será discutido na Câmara no início de agosto, ao fim do recesso parlamentar. "A prefeitura assumiu um aeroporto que não é homologado e vai arcar com um custo de R$ 35 mil por mês, mas a cidade tem outras necessidades", afirmou. Segundo ele, na administração anterior, o Estado já havia tentado a transferência do aeroporto para o município, mas o prefeito da época se recusou a assinar o convênio. "O ex-prefeito Adalberto não aceitou porque o município tinha outras prioridades. Depois disso, o relacionamento com o governo estadual ficou mais difícil e tudo o que a cidade pedia não era atendido", disse.
A Câmara vai pedir explicações ao prefeito, inclusive sobre o uso do aeroporto. Segundo o presidente, há informações sobre a concessão de alvará para uma empresa de voo panorâmico. O prefeito disse que, após a prefeitura ter assumido a zeladoria, não houve concessão de alvará, nem uso do aeroporto. Ele alegou que os custos ainda estão sendo levantados pelo departamento de obras, mas não são elevados. "Vamos manter um segurança para dormir lá e cuidar do local." Procurado, o ex-prefeito Adalberto Rodrigues Fonseca (PR) não deu retorno. O governo estadual informou que o aeroporto só foi transferido para o Estado de Minas Gerais pela Secretaria Nacional de Aviação Civil em 3 de abril deste ano.
Reportagem da Folha de S.Paulo no dia 20 revelou que, em 2010, o então governador Aécio autorizou investimento de quase R$ 14 milhões na construção de um aeroporto com pista asfaltada na cidade de Cláudio, onde passou a infância. A pista fica a seis quilômetros da Fazenda da Mata, pertencente à avó do senador mineiro, Risoleta Neves, e foi construída em área desapropriada pelo governo do tio-avô de Aécio, Múcio Guimarães Tolentino. O dono do terreno não concordou com o valor de R$ 1 milhão oferecido pelo imóvel e entrou na Justiça. A ação ainda não foi julgada. Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo, Tolentino é alvo de ação de improbidade por ter investido recursos públicos, quando prefeito da cidade, em 1983, em melhorias na pista de pouso instalada em sua fazenda.

sábado, 19 de julho de 2014

Incêndio atinge Parque Nacional da Serra da Canastra há três


  • 18/07/2014 17h27
  • Brasília
Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil  
Edição: Luana Lourenço
Uma parcela do Parque Nacional da Serra da Canastra, no sudoeste de Minas Gerais, está em chamas desde a noite da última terça-feira (15). Administradores da unidade de conservação de cerca de 200 mil hectares (um hectare equivale  ao tamanho de um campo de futebol) ainda não sabem precisar o tamanho da área já atingida pelo fogo e nem o que causou o incêndio, mas não descartam a suspeita de ação criminosa, mesmo que não intencional. 
Segundo a analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Paola Vieira Ribeiro, o fogo continua se alastrando, pois o clima e a vegetação típica do Cerrado estão muito secos e as áreas em chamas são de difícil acesso. Cerca de 40 brigadistas do instituto atuam em quatro frentes para tentar apagar o fogo e já solicitaram ajuda ao Corpo de Bombeiros de Piumhi (MG).
Criado em 1972, o parque abrange as cidades mineiras de Capitólio, São João Batista do Glória, Delfinópolis, Sacramento, São Roque de Minas e Vargem Bonita – municípios que encontraram no ecoturismo e no turismo de aventura uma importante fonte de renda. O fogo atinge a área noroeste da unidade, entre São Roque de Minas e Sacramento (cuja portaria de acesso está fechada aos visitantes).
Em setembro de 2012, um incêndio de grandes proporções destruiu quase 50 mil hectares de vegetação nativa no parque.
Além de abrigar diversas cachoeiras, como a Casca D'Anta, de quase 200 metros de altura, dois sítios arqueológicos, paredões rochosos e montanhas que beiram os 1,5 mil metros de altitude,  Parque Nacional da Serra da Canastra permite ao visitante conhecer a nascente do Rio São Francisco, um dos mais importantes cursos d´água da América do Sul.  Catorze espécies animais ameaçadas vivem protegidas na unidade de conservação, entre elas o lobo-guará, a onça-parda e o tamanduá-bandeira.
Moradora da região e funcionária de uma agência de ecoturismo, a auxiliar administrativa Aparecida Geralda de Faria disse à Agência Brasil que tem recebido telefonemas preocupados de pessoas que planejam visitar o parque.
“Como o fogo ainda está recente, ainda não sentimos nenhum impacto. Nem mesmo em termos financeiros, já que, até agora, ninguém precisou cancelar as reservas. É lamentável a morte de animais, o estrago. É de doer o coração. E o pior é que isso não é exatamente uma surpresa. Todos os anos vivenciamos este mesmo problema nesta época do ano. Só varia a proporção. Tomara que eles consigam controlar logo isso”, comentou.