quinta-feira, 20 de março de 2008

Mariana: O berço da civilização mineira


Conheça Mariana: O berço da civilização mineira


Mariana foi a primeira cidade de Minas Gerais. O município foi criado no período colonial, por efeito das expedições bandeirantes no século 17, em busca de ouro e pedras preciosas. Localizada na região Central do Estado, sua ocupação começou em 16 de julho de 1696, quando as bandeiras de Salvador Fernandes Furtado de Mendonça e Miguel Garcia chegaram ao ribeirão do Carmo. O nome foi escolhido para homenagear aquela data que, na tradição católica, é dedicada à Nossa Senhora do Carmo. Ao realizar a primeira missa, no mesmo dia de chegada, fundou-se o arraial, batizado de Nossa Senhora do Carmo, iniciando-se também a construção de uma capela.
A região era rica em ouro, que surgia no leito do ribeirão, nas encostas e nos morros. Mariana possuía valor estratégico para a Coroa, tanto que recebeu este nome em deferência a D. Maria Ana D’Áustria, mulher de D. João 5º, rei de Portugal. Além de primeira cidade, ocupa a posição de primeira capital e primeira sede do bispado em Minas Gerais. Sua forte tradição religiosa, mantida através dos séculos, vem desde seu início e passa pela fundação do Seminário Menor. Com sua bela capela, obra iniciada em 1750 e concluída entre 1780 e 1790, o seminário se constitui no primeiro centro educacional de Minas, de onde saíram várias personalidades, não só na religião, mas nas letras, na magistratura e na política.
Já em 1743, o governo português enviou o engenheiro militar José Fernandes Alpoim para desenhar a planta da cidade, o que a transformou na primeira localidade de Minas Gerais a ter um planejamento urbano. Seu desenho urbano é formado por uma sucessão de praças, igrejas e capelas, que revelam aspectos característicos do barroco, estilo dominado por curvas, visão em profundidade e gosto pelos contrastes claro e escuro. Essa arquitetura está representada na Praça Minas Gerais, onde ficam as igrejas de São Francisco de Assis e de Nossa Senhora do Carmo, uma ao lado da outra, fato raro na história das construções religiosas.
Um dos atrativos da cidade é o órgão Arp Schnitger, que está na Catedral de Nossa Senhora de Assunção. Construído em 1701, na Alemanha, o instrumento chegou a Mariana em 1753, como presente da Coroa portuguesa. Hoje, é o único exemplar, dos 30 Schnitger que ainda existem no mundo, que está fora da Europa.
A cidade é a terra natal de pessoas importantes para a história de Minas Gerais. Lá, nasceram, por exemplo, Cláudio Manuel da Costa, poeta e um dos líderes da Inconfidência Mineira, o mais importante movimento de rebeldia contra a Coroa portuguesa, ocorrido em 1789, e Manuel da Costa Athaíde, principal pintor do período colonial, autor de painéis da igreja de São Francisco de Assis, local onde está enterrado. Em 1945, o presidente Getúlio Vargas concedeu a Mariana o título de Cidade Monumento.
O que visitar:
Casa de Câmara e Cadeia
Um das mais imponentes sobrados da arquitetura colonial de Minas Gerais, a Casa de Câmara e Cadeia, em Mariana, foi projetada em 1768 e ficou pronta em 1795. Além de funções administrativas e legislativas, o local funcionou também como casa de fundição de ouro e senzala. Hoje, é a sede da Câmara Municipal de Mariana. Está localizada na Praça Minas Gerais, em frente às igrejas de São Francisco de Assis, de Nossa Senhora do Carmo e de um pelourinho, usado para punir escravos durante o Brasil colonial.
Catedral da Sé (Nossa Senhora da Assunção)
Um dos mais antigos templos de Minas Gerais, a catedral de Nossa Senhora de Assunção, tem origem em 1703, quando se verificava a grande afluência de paulistas e portugueses atraídos pela descoberta do ouro na região, em fins do século 17. Mais conhecida como Sé de Mariana, sua principal riqueza está no interior, que apresenta um dos mais significativos conjuntos de talhas (obras de arte esculpidas na madeira mediante instrumentos como o cinzel) do período colonial.
Igreja de Nossa Senhora do Carmo
A igreja de Nossa Senhora do Carmo fica no antigo largo do Pelourinho, hoje Praça Minas Gerais. Bem ao seu lado, está a igreja de São Francisco de Assis, proximidade considerada fato raro na história das construções religiosas. O historiador francês Germain Bazin considera o templo como “um dos últimos belos exemplares do rococó em Minas Gerais”. Segundo seus estudos, a fachada da construção é uma “interpretação simplificada” da igreja de São Francisco de Assis, que foi construída pelo arquiteto e escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, em Ouro Preto. Especialistas apontam a igreja de São Francisco de Assis como o melhor trabalho de Aleijadinho na arquitetura.
Igreja de São Francisco de Assis
A igreja de São Francisco de Assis é o local onde está enterrado o artista Manoel da Costa Athaíde (1762—1830), considerado o principal pintor do período colonial brasileiro. Edificada em 1763, a igreja possui um dos principais trabalhos dele: a série de painéis na sacristia representando são Francisco. A igreja de São Francisco de Assis fica ao lado do templo de Nossa Senhora do Carmo, no antigo largo do Pelourinho, compondo a Praça Minas Gerais, onde se encontra ainda, como atração, a Casa de Câmara e Cadeia.
Rua Direita
Considerada, com seus sobrados, como a mais bela de Minas Gerais, ali estão situadas as casas onde viveram o poeta Alphonsus de Guimarães e o Barão de Pontal.
Mina da Passagem
Maior mina de ouro aberta a visitação no mundo, guarda segredos e mistérios que encantam a todos. Foi a primeira mina a ser explorada no Brasil, em 1719, por uma empresa de mineração, descoberta no século XVIII. São 315 metros de profundidade em 11 km de túneis escavados nas rochas. Depois de três minutos de descida em um típico vagão sobre trilhos, utilizado há séculos pelos mineradores, o visitante passa por toda a adrenalina dos caçadores de ouro. O funcionamento é diário, das 9h às 17h. O custo é de R$ 13,00 por pessoa. Informações: (31) 557-1255.
Casa Setecentista
A Casa Setecentista é um belo exemplar da arquitetura civil do século XVIII. Sua construção contou com a orientação do arquiteto português, José Pereira Arouca. Funciona no prédio o escritório técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), abrigando ainda o Arquivo Histórico (documentos dos períodos: colonial, imperial e república velha), a Sala Minas Gerais (exposições), a Sala de Multimeios (filmes, palestras, cursos, debates etc.) e o arquivo dos cartórios da Comarca de Mariana e o primeiro morador.
Ecoturismo
A natureza em Mariana é exuberante. As nascentes, o relevo e o solo que esconde grutas e minas propiciam aos amantes da natureza a realização de atividades como caminhadas e banhos de cachoeiras e prática de esportes radicais, como o trekking e o mountain bike.
Visite as cachoeiras da cidade:
Brumado - no distrito de Cachoeira do Brumado
Serrinha - no distrito de Passagem de Mariana
Garganta do Diabo - a 10 km do centro de Mariana, com acesso pela Cartucha
Cachoeira do Ó - no distrito de Monsenhor Horta
Cachoeira de Camargos - a 20 km de Mariana, com acesso pela rodovia Mariana/Samarco Cachoeira de Santa Rita - fica a 25 km de Mariana.
Lagoa Ponte das Crioulas - fica no distrito de Monsenhor Horta a 20 km de Mariana.
Onde ficar:
Hotel Brasil Real
Rua Estrela do Oriente, 196 - Vila do Carmo
Fone: (31) 3557-2227
Hotel Pousada das Gerais
Avenida Nossa Senhora do Carmo, 890 - Centro
Fone: (31) 3557-4146
Pousada Passo do Carmo
Rua Monsenhor Horta, 13 - Rosário
Fone: (31) 3558-1100
Como chegar:
De Belo Horizonte o caminho mais prático e todo asfaltado é pela BR040, sentido Rio de Janeiro. Depois de rodar aproximadamente 20 quilômetros, entrar no trevo sentido Ouro Preto (BR356 - rodovia dos Inconfidentes) e seguir até Mariana.
Para quem sai de São Paulo capital a opção é pela BR381 até o trevo para Lavras. A partir daí pegar a BR265 até Barbacena. Desta cidade acessar a BR040 sentido Belo Horizonte até Conselheiro Lafaiete. Entrar em Lafaiete e seguir pela Estrada Real (asfaltada), passando por Ouro Branco, Ouro Preto e finalmente chegando a Mariana.
Do Rio de Janeiro (capital) o trajeto é quase todo pela BR040 até Conselheiro Lafaiete, passando por Petrópolis, Juiz de Fora e Barbacena. De Lafaiete pegar a Estrada Real (asfaltada), passando por Ouro Branco e Ouro Preto. Daí são apenas mais 12 quilômetros até Mariana.

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