terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ministro do Bolsa Família, Patrus se apresenta para concorrer ao governo de Minas

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) colocou seu nome à disposição do PT para concorrer ao governo de Minas Gerais, em 2010. Patrus é responsável pelo mais propagandeado programa social do governo Lula, o Bolsa Família.

"Na medida em que me coloco nesse debate, nessa discussão, sem nenhum personalismo, meu nome se coloca também como uma possibilidade para ser considerada pelo partido e pelas forças populares de Minas Gerais" disse o ministro.

A declaração ocorreu no final de semana, em Contagem (MG), em encontro da "Articulação" do PT de Minas (tendência que no PT nacional integra o Campo Majoritário), onde Patrus foi recebido com faixas e gritos de "governador".

O ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) disse ser "precipitado" falar em nomes agora, mesmo afirmando que "a maioria das pessoas tem preferência pelo ministro Patrus".

No encontro faltou o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel. Ele, que sonha com o governo de Minas, afastou Patrus e Dulci da disputa eleitoral em BH por causa da aliança que fez com o PSDB do governador Aécio Neves. Por isso não foi convidado para o encontro da corrente que ele próprio integra --embora o prefeito estivesse em Paris, em evento oficial ao lado de Aécio.

Apesar do ambiente desfavorável a Pimentel, Patrus e Dulci pregaram paz no PT-MG no rumo a 2010, o que implica não haver punição ao prefeito.

"A gente deveria passar uma borracha sobre isso. Assim como acho que não deve haver processo contra o prefeito, também não devemos mexer na ferida com relação aos companheiros que apoiaram a candidatura da Jô Moraes [PC do B]", disse Patrus.

Embora as lideranças do PT tenham defendido a não-punição a Pimentel, o presidente nacional do PT, deputado federal Ricardo Berzoini (SP), disse que o prefeito terá que dar explicações se quiser concorrer à indicação para ser candidato ao governo de Minas.

Dulci também fez declarações pela unidade interna e pelo direito de Pimentel concorrer, sem deixar de lembrar, sempre indiretamente, dos erros cometidos por ele. "Acredito que, em 2010, se todas as lideranças respeitarem a democracia interna do PT, nós podemos trabalhar juntos. Aposto na unidade do PT", afirmou.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Patrus lançado para Minas 2010 (Tribuna da Imprensa)

Encontro de ala petista é marcado por críticas à aliança entre prefeito de BH e PSDB

BELO HORIZONTE - A candidatura do ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) ao governo de Minas em 2010 foi defendida ontem por petistas ligados à corrente Articulação, entre eles o ministro Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci.

O encontro estadual da tendência partidária também foi marcado por críticas à aliança costurada pelo prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), com o PSDB do governador Aécio Neves na eleição municipal. Pimentel não foi convidado para a reunião. Indiferente ao encontro da tendência ao qual é ligado no plano nacional, viajou para Paris, onde participou de reuniões ao lado de Aécio.

Dulci evitou comentar a especulação em torno de um eventual convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o prefeito assuma uma pasta ministerial. Ele destacou que se trata de uma atribuição exclusiva do presidente. "Qualquer decisão do presidente Lula sobre montagem de equipe do governo será respeitada por nós. Mas, obviamente, é uma atribuição pessoal dele".

Estrelas do evento, Patrus e Dulci pregaram o fim da guerra interna no PT mineiro - deflagrada após a polêmica aliança e tendo como pano de fundo a disputa entre o próprio ministro do Desenvolvimento Social e o prefeito pela indicação como candidato ao governo em 2010 - e defenderam que Pimentel não seja punido por, conforme acusam setores da Articulação, ter desrespeitado a orientação nacional da legenda. "Eu, particularmente, não defendo nenhum tipo de punição para ninguém", disse o ministro da Secretaria Geral da Presidência.

Segundo ele, as críticas ao processo em Belo Horizonte são legítimas, mas não devem nortear o esforço do PT para "oferecer a Minas Gerais uma alternativa". "Que a partir de 2010 Minas tenha um governo progressista, um governo que tenha o social como prioridade efetiva, o que não aconteceu nos últimos seis anos. Que não seja neoliberal, que seja um governo de centro-esquerda".

No seu discurso, Dulci disse que tem "muito entusiasmo" com a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para a sucessão de Lula e do colega Patrus para o Palácio da Liberdade em 2010. "Se depender das lideranças que estavam aqui, nós deveríamos lançar o ministro Patrus para governador do Estado", afirmou, em entrevista. "Avançar na luta contra o neoliberalismo: Patrus - governador; Dilma - presidente", dizia uma das faixas afixadas no auditório do Sesc Contagem/Betim, na região metropolitana da capital, local do encontro.

Embora cauteloso, o ministro do Desenvolvimento Social admitiu claramente pela primeira vez a possibilidade de sair candidato ao Palácio da Liberdade. "Sempre defendi a política como um espaço coletivo, ninguém faz nada na vida sozinho, muito menos na política. Portanto, estou me colocando, sim, na perspectiva de nós construirmos um projeto alternativo de desenvolvimento econômico, mas também vinculado ao desenvolvimento social, ambiental, cultural. Um projeto democrático popular para Minas", disse ele, no sábado.

O encontro estadual foi aberto na noite de sexta-feira pelo presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini, que mais uma vez criticou a aproximação de Pimentel com os tucanos e disse que o prefeito precisa rever a aliança política com Aécio caso queira ser candidato ao governo do Estado pelo PT. "O que aconteceu exige debate aprofundado e maduro. Ele precisa fazer longo processo dentro do PT para justificar e fundamentar atitudes na campanha, que acabaram fortalecendo a relação com o adversário".

Questionado, Berzoini se negou a avaliar a hipótese de indicação de Pimentel para a Esplanada e pôs em dúvida as chances do prefeito. "Quem indica o ministério é o Lula e eu sequer sei se ele quer mudanças no grupo atual".

Cerca de 500 militantes acompanharam os três dias de reunião. A tendência interna petista se articula para o Processo de Eleições Diretas (PED) em 2009, que indicará a nova direção do partido no Estado. Durante o encontro, lideranças criticaram o que chamaram de "filiações em massa" ao partido, que estariam sendo comandadas pelo grupo de Pimentel.

domingo, 16 de novembro de 2008

Com nova regra, PMDB mineiro dificulta entrada de Aécio na sigla

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

Embora o tucano Aécio Neves seja cortejado pelo PMDB nacional, resolução do partido em Minas dificulta eventual entrada do governador na sigla pelo diretório mineiro.

Na última segunda, durante reunião da executiva estadual do partido, foi aprovada a resolução proibindo filiações de políticos com mandatos eletivos. A aprovação teve como base o texto da bancada estadual na Assembléia Legislativa.

O governador, que está em viagem oficial à Europa, tem dito que tem boas relações com o PMDB, mas que não é sua intenção deixar o PSDB. Diz, nos bastidores, que é no ninho tucano que tentará se tornar candidato a presidente em 2010.

Presidente do PMDB em Minas, o deputado federal Fernando Diniz negou que seja uma resolução "anti-Aécio".

"Não tem nada a ver com Aécio", afirmou Diniz.

É na bancada estadual que reside a maior resistência ao governador. No PMDB nacional, avalia-se que, com Aécio, a sigla poderia sustentar candidatura presidencial própria -tese defendida, sobretudo, por aqueles contrários a uma eventual candidatura da ministra Dilma Rousseff (PT).

sábado, 15 de novembro de 2008

À beira de rio, lavadeiras buscam sustento das famílias no Norte de Minas

Marco Antônio Soalheiro
Enviado Especial

Em Janaúba e Nova Porteirinha (MG)
Sob uma ponte no Rio Gorutuba - que separa os municípios mineiros de Janaúba e Nova Porteirinha, distantes de Belo Horizonte quase 600 quilômetros - chama a atenção de quem passa a presença de dezenas de mulheres que se dedicam à lavagem de um amontoado de roupas. Elas ficam dentro do rio e há até mesinhas de cimento para facilitar o trabalho, fixadas no chão, segundo informaram, pelo Bispo Dom Mauro.

Senhoras, mulheres de meia idade e crianças aproveitam a água de um dos poucos rios não afetados pela seca prolongada na região para tirar o sustento da família. Recebem de R$ 20 a R$ 25 para lavar e passar uma trouxa com 60 a 80 peças. "A gente lava para fora e se for gastar água e energia de casa não compensa", contou à Agência Brasil Ângela Maria, de apenas 13 anos. Ela sente a necessidade de ajudar em casa e garante que o trabalho não atrapalha os estudos.

Sueli Alves, 38 anos, disse que seria impossível sua família sobreviver se apenas o marido trabalhasse. "Lá em casa são seis pessoas e não dá para um pedreiro dar conta de tudo."

Segundo Heloísa das Dores, 42 anos, 80% das mulheres de Nova Porteirinha são lavadeiras por falta de opção e trabalham para pessoas de Janaúba. O espaço para a lavagem no rio fica congestionado pela demanda em alguns dias, mas tudo se resolve sem briga. "A gente vai se ajeitando. Em cada pedra lavam duas ou três", disse das Dores.

Sueli lembrou que as clientes não reajustam os valores pagos há muito tempo. "Elas ainda ficam assustadas quando a gente pede aumento de R$ 10".

Muitas dessas mulheres são, na prática, chefes de família, pois recebem para cada trouxa de roupa lavada mais do que os R$ 12 a R$15 diários dos maridos nos trabalhos como pedreiro ou no roçado.

Sem interromper a atividade por um minuto sequer, sob sol intenso, elas demonstraram simpatia e bom-humor durante a conversa. Antes da despedida, Heloísa das Dores quis saber "em que lugar essa pesquisa ia aparecer". Depois de saber que se tratava de uma reportagem, ela demonstrou satisfação e desabafou sobre as dificuldades da profissão.

"Acho bom, porque talvez só assim os governantes olhem para as lavadeiras. Nós lavamos roupa para um pessoa por 10, 20 anos, e não temos direito a nada. Na idade que a gente tá, firma nenhuma pega", lamentou

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Aécio diz que aliança com PT ainda será compreendida

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

Dezesseis dias após o término da disputa eleitoral, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), na primeira solenidade oficial ao lado do prefeito petista de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, disse acreditar que, "com o tempo", a aliança eleitoral que fez com o PT ainda será "compreendida" fora da capital mineira.

Aécio e Pimentel se encontraram em uma inauguração de trecho de obra viária na região norte da cidade, em parceria com as três esferas de governo. O prefeito voltou a chorar quando Aécio discursou e fez elogios ao petista --ele já havia chorado em setembro, em ato da campanha de Marcio Lacerda (PSB), o prefeito eleito com o apoio de Aécio e Pimentel.

Aécio discursou e disse que eles estavam ali "celebrando o início de uma nova forma de se fazer política, compreendida por muitos, felizmente pela ampla maioria dos belo-horizontinos, mas ainda incompreendida por tantos".

"Acredito que, com o tempo, saberão perceber que aquilo que se constrói no campo político, no campo administrativo em Belo Horizonte, tem um objetivo que se sobressai, se sobrepõe em relação a todos os outros, que é a melhoria da qualidade de vida daqueles que temos a responsabilidade de administrar como prefeito municipal ou como governador do Estado", disse o governador.

Pimentel ainda é muito cobrado no PT por ter feito a inusitada aliança com o PSDB, partidos rivais no plano nacional. Em setembro, quando chorou, ele chegou a dizer que pagava um "custo alto" por isso.

Aécio, por sua vez, é cobrado no PSDB nacional a assumir a oposição a Lula para que tenha chance na disputa interna pela indicação do candidato tucano a presidente, em 2010.

Coincidência ou não, na semana passada ele voltou a criticar a gestão Lula em encontro com deputados tucanos no Congresso. Mas ele nega que tenha feito críticas que já não tenham sido feitas por ele.

Crise

No plano administrativo, Aécio anunciou nesta terça-feira medidas para ajudar as empresas a enfrentar a falta de crédito por causa da crise financeira.

Além de prorrogar prazos para recolhimento de tributos, o BDMG (banco de fomento do Estado) oferecerá cerca de R$ 470 milhões em crédito às empresas --R$ 300 milhões são novos recursos.