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quinta-feira, 12 de março de 2009
Uai: Não tenho problema com grampo', diz Dilma (Tribuna da Imprensa)
BRASÍLIA - A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, condenou ontem a arapongagem no País, mas disse não temer as escutas telefônicas. Ao deixar a sede da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), onde fez uma exposição sobre o pré-sal, a convite do Conselho Permanente da entidade, Dilma foi questionada por um repórter sobre as notícias dando conta de que teria sido alvo de bisbilhotagem por parte do delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz.
"Ah, meu filho. Eu não tenho problema com grampo", disse a chefe da Casa Civil, já entrando no carro. "Mas, pessoalmente, acho que isso não é correto", destacou ela. Os repórteres quiseram saber, então, se a ministra considerava o procedimento ilegal durante investigações. "Uai, se houve grampo teve (ilegalidade)", respondeu ela, caprichando no sotaque mineiro.
"Vocês sabem se todo aquele relatório é fidedigno?", indagou a pré-candidata do PT à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Sabem se houve esse grampo mesmo? "Dilma se referia à notícia, veiculada pela revista 'Veja' desta semana, de que um computador apreendido por policiais na casa do delegado Protógenes mostrou que, durante a investigação sobre o ex-banqueiro Daniel Dantas, ele espionou secretamente autoridades dos três Poderes. Segundo a reportagem, Protógenes teria até mesmo bisbilhotado a vida amorosa da ministra. O delegado nega.
Gabinete de crise
Contrariada com as críticas da oposição, que sugeriu a formação de um gabinete de crise para enfrentar a turbulência na economia, a ministra não conteve as estocadas nos adversários. "Essa política de gabinete de crise é de quem não segurou a barra e teve apagão", reagiu Dilma, numa referência à falta de energia no governo Fernando Henrique Cardoso (1994-2002). Na época, o PT costumava chamar os problemas enfrentados nessa área de "apagão do planejamento".
Dilma afirmou que o governo Lula está "todo comprometido" com o combate à crise. "Não tem uma parte do governo que olha a crise e outra que não olha", insistiu a ministra. Questionada se achava que o debate estava contaminado pelo clima eleitoral, a chefe da Casa Civil - pré-candidata à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - disse ver uma "diferença de concepção" entre petistas e tucanos. "Acho que é diferença de concepção mesmo", reforçou. "Não é possível que a gente fique vendo debate eleitoral em tudo, gente! Pelo amor de Deus!"
Para Dilma, os adversários que sugerem um gabinete de crise querem reproduzir algo que não deu certo. "É a visão do apagão, minha filha!", provocou ela, dirigindo-se a uma repórter. "Havia uma crise de energia elétrica no Brasil e fizeram um gabinete de crise. Agora, querem reproduzir isso sempre, mas hoje o Brasil inteiro tem que se voltar para o combate à crise", insistiu a ministra.
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