Não foi ainda desta vez, depois de seis dias de julgamento no Fórum de Contagem, que a Justiça conseguiu descobrir o paradeiro de Eliza Samudio, mãe de um filho do goleiro Bruno e desaparecida desde junho de 2010. Para a juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes, que presidiu o júri e sentenciou o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, como executante do crime, não resta dúvida de que Eliza foi assassinada por exigir pensão para o filho do goleiro, que na época ganhava R$ 300 mil por mês no Flamengo.
Se o Tribunal de Justiça confirmar a sentença, caso o advogado Ércio Quaresma recorra do resultado do julgamento, o Bola continuará preso pelo menos até 2018, quando terá direito à progressão da pena. Ela soma 19 anos de prisão em regime fechado, pela morte de Eliza, mais três anos em regime aberto, por ocultação do cadáver. O ex-policial se encontra preso desde 2010, quando foi apontado pela investigação policial como principal suspeito do assassinato. Em sua sentença, após o júri considerar o suspeito culpado, a juíza Marixa Fabiane, que já sentenciara Bruno a 22 anos e três meses de prisão, afirmou que o ex-policial “agiu amparado pela certeza da impunidade”.
Não é certo que não existam outros impunes pelo mesmo crime. Até agora, foram julgados e condenados quatro pessoas: além de Bola e Bruno, um amigo do goleiro, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e uma ex-namorada de Bruno, Fernanda Castro. Há ainda dois policiais que só neste ano estão sendo investigados por suspeita de participação no crime, o que pode estender o julgamento do caso por muitos anos ainda.
O mais incerto é o fim do mistério sobre o sumiço do corpo. A mesma juíza Marixa Fabiane declarou oficialmente morta Eliza Samudio, cuja mãe, Maria Lúcia Borges, se decepcionou mais uma vez, neste julgamento, da expectativa de ser revelado à Justiça o que foi feito com o corpo da filha. Bola declarou não saber e, de resto, negou qualquer envolvimento no caso.
A Polícia Civil e o Ministério Público conseguiram formar um processo com cerca de 19 mil páginas e dezenas de volumes, sem lançar uma luz sobre esse mistério. Mas não se pode dizer que o processo esteja encerrado e, talvez, venha a se descobrir o paradeiro do corpo. Do contrário, teremos outro caso célebre de desaparecimento do cadáver de uma mulher assassinada no Brasil. Passados 52 anos do crime, continua misterioso o sumiço, no Rio, da bailarina Dana de Teffé.