sábado, 7 de novembro de 2009

Julgamento do tucanoduto pode ocorrer só em 2010

Folha

Pode ficar para o ano eleitoral de 2010 o julgamento, no STF, da denúncia do tucanoduto.

Processo em que o grão-tucano Eduardo Azeredo (PSDB-MG) é acusado de protagonizar, em 1998, esquema análogo ao mensalão petista, de 2005.

Relator do caso, o ministro Joaquim Barbosa votou, nesta semana, pelo recebimento da denúncia.

Significa dizer que, na visão de Joaquim, Azeredo deve virar réu numa ação penal em que será julgado por peculato e lavagem de dinheiro.

O problema é que, recém-chegado ao Supremo, o ministro José Antonio Dias Toffoli pediu vista do processo, sobrestando o julgamento.

Toffoli prometeu devolver os autos ao plenário no final de novembro. Ainda que cumpra o prometido, o tribunal se verá diante de um dilema.

Restarão escassas seis sessões até o início do recesso de final de ano do Judiciário, em 19 de dezembro.

Há na fila de julgamentos do Supremo nada menos que 583 ações. Daí o risco de o caso do tucanoduto acabar escorregando para o calendário de 2010.

Na sessão em que concluiu a leitura de seu voto, Joaquim disse que o caso, por antigo, flertaria com a prescrição.

Marco Aurélio Mello contraditou o colega. Afirmou que a contagem do prazo que levaria à prescrição foi suspensa em 2007, quando foi ajuizada a denúncia.

A prevalecer o entendimento de Marco Aurélio, o eventual adiamento imporia ao STF apenas o dissabor de julgar o caso em meio ao calor da campanha eleitoral.

Uma campanha em que o PSDB de Azeredo vai figurar como protagonista, ao lado do PT. Ossos do ofício. Juiz deve ter os olhos voltados para as leis, não para as urnas.

Escrito por Josias de Souza às 06h00

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Relator aceita denúncia por crime de peculato no caso do "mensalão mineiro"; sessão é adiada

Claudia Andrade
Do UOL Notícias
Em Brasília
O STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu nesta quarta-feira (4) a sessão de julgamento de denúncia contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), por envolvimento em um suposto esquema de caixa dois durante sua campanha para reeleição ao governo de Minas Gerais, em 1998.

Caso foi embrião do mensalão, diz relator


O ministro Joaquim Barbosa, relator do inquérito do chamado "mensalão mineiro", não chegou a concluir a leitura do seu voto, mas já antecipou que acolherá as denúncias ligadas ao crime de peculato. A leitura do voto será retomada nesta quinta-feira, quando o relator deverá falar das denúncias sobre lavagem de dinheiro.

Joaquim Barbosa disse que "há indícios, ainda que provisórios, que apontam para a atuação dolosa de Azeredo" no esquema de desvio de recursos, que envolvia pessoas "de plena confiança" do então candidato à reeleição. "Há fortes indícios da natureza criminosa da campanha de Azeredo. Indícios de que o acusado tinha conhecimento do esquema e queria realizá-lo estão presentes na denúncia".

Quando o relator concluir seu voto, a Corte terá de decidir se acolhe ou não a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República, envolvendo crimes de peculato (desvio de bem público realizado por funcionário público) e também de lavagem de dinheiro, que será alvo de análise do relator nesta quinta. Caso a denúncia seja rejeitada, o inquérito será arquivado.

  • 18.02.2009 - Alan Marques/Folha Imagem

    O senador Eduardo Azeredo é acusado de participar de um suposto esquema de caixa dois durante sua campanha de reeleição para o governo de MG


A denúncia aponta que o esquema do mensalão mineiro permitiu o financiamento da campanha com recursos públicos de empresas como a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), a Comig (Companhia Mineradora de Minas Gerais) e o Bemge (Banco do Estado de Minas Gerais), além do repasse de verbas de empresas privadas com interesses econômicos no Estado.

Como governador, Azeredo teria participado do esquema, ainda de acordo com a denúncia, ao dar suporte para o repasse ilegal de dinheiro das estatais e garantir empréstimos "fictícios" feito por uma empresa de Marcos Valério junto ao Banco Rural.

No início da sessão desta quarta, o procurador-geral da República reafirmou a denúncia argumentando "existir certeza do crime e indícios veementes de autoria". Segundo Gurgel, as imputações feitas ao denunciado resultam de um farto conjunto probatório que dá suporte sobre a ocorrência do ilícito e a culpabilidade do denunciado.

O senador nega a existência de um esquema de caixa dois durante a campanha de 1998, posição que foi reforçada no plenário da Corte por seu advogado, José Gerardo Grossi. Na defesa, ele classificou a denúncia de "longa e confusa", além de estar cheia de "condicionais e formas adverbiais que denotam muito mais incertezas do que certezas".

"A denúncia não indica um ato de Azeredo como participante dessa obtenção de dinheiro que a denúncia descreve sinuosamente, indo pra lá e pra cá", disse o advogado.

A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República afirma que o mensalão mineiro foi o embrião do mensalão que envolveu a base governista - denunciado por Roberto Jefferson. O publicitário Marcos Valério é apontado como articulador dos dois esquemas. No Supremo, os dois casos de corrupção são relatados pelo ministro Joaquim Barbosa.

Em maio deste ano, o relator desmembrou o inquérito do mensalão mineiro, decidindo que apenas o senador Azeredo contaria como denunciado perante o Supremo, por ter foro privilegiado. No caso dos demais investigados, incluindo o publicitário Marcos Valério, o processo passou para a Justiça Federal de Minas Gerais.

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STF decide nesta quarta se acata denúncia contra Azeredo no caso do mensalão mineiro

Claudia Andrade
Do UOL Notícias
Em Brasília

O STF (Supremo Tribunal Federal) decidirá nesta quarta-feira (3) se recebe ou não a denúncia contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), no processo do mensalão mineiro, no qual é acusado de participar de um suposto esquema de caixa dois durante sua campanha de reeleição para o governo de Minas Gerais, em 1998. Ele perdeu a disputa para Itamar Franco.
  • 18.02.2009 - Alan Marques/Folha Imagem

    O senador Eduardo Azeredo é acusado de participar de um suposto esquema de caixa dois durante sua campanha de reeleição para o governo de MG


Os ministros vão analisar se a denúncia apresentada pelo ex-procurador-geral da República Antonio Fernando Souza possui indícios suficientes para que o Supremo abra uma ação penal contra o senador, que se tornaria réu. Caso a denúncia seja rejeitada, o inquérito será arquivado.

Os crimes imputados pelo procurador-geral incluem peculato e lavagem de dinheiro. De acordo com a denúncia, o caso do mensalão da campanha de Azeredo foi o embrião do escândalo que envolveu a base governista (denunciado por Roberto Jefferson), que envolve 40 acusados. O publicitário Marcos Valério é apontado como articulador dos dois esquemas.

Com o aprofundamento da investigação do caso do mensalão, "percebeu-se que o modus operandi dos fatos criminosos ali apurados teve a sua origem no período da campanha para governador do Estado de Minas Gerais no ano de 1998", diz o texto do ex-procurador-geral. "O esquema delituoso verificado no ano de 1998 foi a origem e o laboratório dos fatos descritos na denúncia já oferecida" no inquérito do mensalão.

No Supremo, tanto o mensalão como o mensalão mineiro são relatados pelo ministro Joaquim Barbosa. Em maio deste ano, o relator desmembrou o inquérito do mensalão mineiro, decidindo que apenas o senador Azeredo contaria como denunciado perante o Supremo, por ter foro privilegiado.

Os demais réus, incluindo o publicitário Marcos Valério e o ex-ministro das Relações Institucionais Walfrido Mares Guia, passaram a responder ao processo na Justiça Federal. A decisão do relator acatou um pedido feito pelo próprio Marcos Valério e por outros dois investigados, Eduardo Guedes e Cláudio Mourão.

Walfrido chegou a apresentar um recurso contra a decisão, mas voltou atrás e ela foi mantida pelo Supremo. Walfrido, que também ocupou a pasta do Turismo, deixou o PTB e filiou-se ao PSB no dia 30 de setembro. Ele poderá se candidatar a uma vaga na Câmara dos Deputados.