domingo, 2 de maio de 2010

Adversários em Minas, Pimentel e Patrus já falam em acordo

da Folha Online

A despeito de não terem chegado a um acordo para evitar as prévias para a escolha do candidato do PT ao governo de Minas, tanto o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, 59, quanto o ex-ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias, 58, afirmam que firmarão um entendimento tão logo se encerre a disputa, vença quem vencer.

Eles admitem negociar com o PMDB, que condiciona a aliança em torno da candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência ao apoio ao ex-ministro Hélio Costa em Minas--, mas defendem que o petista que vencer a prévia hoje deve encabeçar a chapa.

Pimentel afirmou que o PT perdeu tempo com a disputa interna para a escolha do candidato ao governo de Minas Gerais. Porém considerou a prévia necessária, pois o Estado tem dois nomes qualificados, e negou que a disputa enfraqueça a candidatura presidencial de Dilma Rousseff.

Já Patrus afirmou que a campanha de Dilma é a prioridade, mas, como não é algo 'abstrato', precisa da mediação dos petistas de Minas Gerais. O petista afirmou também desconhecer a insatisfação do presidente Lula com o PT mineiro.

Leia a seguir entrevistas concedidas pelos dois à Folha na última sexta-feira.

Folha - Por que não houve acordo com o ex-ministro Patrus Ananias, e o PT de Minas vai para as prévias?

Fernando Pimentel - Essa pergunta tem que ser respondida pelo Patrus, porque ele é quem recusou. Perseguimos o acordo, trabalhamos com a ideia o tempo de todo de ter composição interna. Infelizmente, não foi possível porque o nosso oponente não aceitou.

Folha - Ao criar a disputa, o PT de Minas não põe em segundo plano a candidatura presidencial de Dilma Rousseff, motivo da insatisfação do presidente Lula com essa situação?

Pimentel - Há uma realidade regional que não pode ser ignorada. Nós temos em Minas dois nomes qualificados que têm condições de representar o partido na eleição de 2010. Um deles tem que ser o escolhido.

Não acredito que enfraqueça [a candidatura de Dilma à Presidência]. Nós perdemos, de fato, tempo, isso sim.

Agora, vamos sair unificados. Qualquer um dos nomes que sair escolhido terá o apoio do conjunto do partido.

Folha - É imprevisível o desfecho disso ou é possível garantir a pacificação dos dois grupos após a prévia?

Pimentel - Já há clima de entendimento pela base. Há um clima de que o partido tem que estar unido para disputar a eleição de 2010. Vamos precisar dessa unidade para a próxima etapa que é a negociação com o PMDB, com a base aliada, mas especialmente com o PMDB.

Convencer o PMDB que o desenho melhor da chapa majoritária é o PT como cabeça de chapa para governador.

Para que essa negociação possa se dar adequadamente com chance de êxito para nós, temos que estar unidos. Acho que o PT está consciente disso. Não vejo possibilidade de divisão, passada a escolha agora.

*

Folha -Por que não houve acordo com o ex-prefeito Fernando Pimentel, e o PT de Minas vai para as prévias?

Patrus Ananias - O acordo está se dando através das prévias. Elas constituem o caminho do acordo, fazem parte da tradição democrática do PT, estão previstas no estatuto do partido. Nossos filiados estão sendo os fiadores desse grande acordo.

Folha - Ao criar a disputa, o PT não põe em segundo plano a candidatura presidencial de Dilma Rousseff, motivo da insatisfação do presidente Lula com essa situação?

Patrus - Não. Não tenho conhecimento da insatisfação do presidente. A nossa grande prioridade é a eleição da Dilma.

Claro que para nós a prioridade é o projeto nacional. Só que entendemos que o projeto nacional não se dá no abstrato, passa por mediações regionais, dos Estados, e sobretudo um Estado que faz parte da construção do Brasil como Minas Gerais, fiador da soberania e da integridade do nosso país e também do nosso projeto.

Folha - É imprevisível o desfecho disso ou é possível garantir a pacificação dos dois grupos após a prévia?

Patrus - Estamos inteiramente pacificados. O clima no PT é muito sereno hoje, as prévias estão se colocando no nível de disputa de ideias, de projetos.

As minhas relações com o Fernando [Pimentel] e com as pessoas que o apoiam estão rigorosamente preservadas, e há sinais de lideranças de pessoas que integram a equipe dele que, se eu ganhar as prévias, estaremos unidos.

Se ele vencer, imediatamente estarei manifestando a minha solidariedade e de todos os nossos apoiadores.

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