
Folha
A tônica do discurso a ser pronunciado por Aécio Neves no ato de aclamação da candidatura presidencial de José Serra será a “unidade”.
O grão-duque do tucanato mineiro pretende aproveitar os microfones deste sábado (10) para exorcizar o fantasma da “infidelidade”.
Um integrante do grupo de Aécio disse ao repórter que ele vai deixar claro, agora mais do que antes, que traz as mangas arregaçadas por Serra.
O comando da campanha de Serra atribui importância capital ao discurso do ex-governador mineiro, agora candidato ao Senado.
Os votos de Minas, somados aos de São Paulo, são vistos como vitais para compensar a baixa votação de Serra no Nordeste e no Norte.
Para sorte do tucanato, o Aécio que vai se exibir no púlpito da cerimônia pró-Serra combina com o Aécio que frequenta os subterrâneos.
Os dois Aécios, o público e o privado, parecem falar a mesma língua. Entre quatro paredes, o governador soa até mais peremptório.
Diz que considera essencial para ele próprio que Serra obtenha mais votos que Dilma Rousseff em Minas Gerais.
Senador virtualmente eleito, Aécio quer chegar a Brasília com dois troféus: a eleição de seu sucessor e a vitória de Serra no seu Estado.
Tenta reescrever a história de 2006, ano em que Lula, candidato à reeleição, prevaleceu sobre o tucano Geraldo Alckmin em Minas.
Naquele ano, proliferou sob Aécio uma excentricidade batizada de “Lulécio”. Um voto suprapartidário: Aécio para governador e Lula para presidente.
Agora, viceja pregação semelhante, envolvendo o candidato de Aécio, Antonio Anastasia.
Até a última terça (6), apregoava-se o voto ‘Dilmasia’. De passagem por Belo Horizonte, Dilma Rousseff deu asas ao exótico.
Em timbre jocoso, a candidata de Lula disse preferir a combinação ‘Anastadilma’. O Aécio das conversas reservadas afirma que se trata de uma “bobagem”.
O aliado de Aécio que falou ao repórter lembrou que, diferentemente do ocorrido em 2006, esse tipo de combinação não encontra amparo na realidade.
Mencionou uma diferença fundamental: a candidatura oficial agora é encarnada pela "novata" Dilma, não pelo "mito" Lula.
Mineira de nascimento, Dilma fez-se politicamente no Rio Grande do Sul.
Tenta lembrar ao eleitor do segundo maior colégio eleitoral que sua certidão de nascimento exala o cheiro de pão de queijo. Dilma não mede esforços.
Chega mesmo a atropelar a coerência. Na passagem por Minas, depositou flores no túmulo de Tancredo Neves, o avô de Aécio.
Joga na desinformação do eleitor jovem, que não sabe que o PT negou-se a comparecer ao Colégio Eleitoral que elegeu Tancredo.
Pior: expulsou de seus quadros uma trinca de petistas que, divergindo da orientação partidária, disse “sim” a Tancredo e “não” a Paulo Maluf.
Escrito por Josias de Souza às 19h02
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