Estádio 'alternativo' não terá sequer um jogo da Copa, mas obra vira dor de cabeça sem fim para Governo do Estado
Frederico Haikal
A estrutura do estádio sobe sem parar, assim como os custos
Entretanto, com o atraso de pelo menos dois anos na entrega do estádio do Horto, que contrasta com o cumprimento do atual cronograma da obra do Gigante da Pampulha, quem está no topo das discussões é justamente o Independência.
O estádio do América não irá sediar um jogo sequer do Mundial, mas faz muita falta aos times da capital, que terão que mandar seus jogos fora de Belo Horizonte até o final deste ano.
Muitos foram os motivos para o atraso das obras no Independência: problemas na documentação, projetos de engenharia incompletos e cálculos financeiros subdimensionados. A prova disso é que no dia 11 de novembro de 2008 o senador Aécio Neves, que era o governador na época, afirmou que a obra seria muito mais modesta, com orçamento em torno de R$ 40 milhões, e o Tesouro Estadual gastaria muito menos, entre R$ 12 milhões e R$ 14 milhões.
Quase um ano depois, em setembro de 2009,o Estado foi obrigado a aumentar sua contrapartida para R$ 20 milhões. Com isso, o valor da obra chegou a R$ 50 milhões, valor que corresponde a metade do projeto original apresentado pelo América, mas tido como exequível, após alguns cortes. A obra foi licitada em outubro de 2009 por R$ 46 milhões e, atualmente, o valor chega a R$ 125 milhões, sendo R$ 95 milhões do Tesouro Estadual. Com isso, o aumento nos gastos estaduais com o estádio subiu 578% desde a primeira previsão orçamentária.
O primeiro projeto apresentado pelo América, em dezembro de 2008, previa um estádio para 30 mil torcedores, cobertura total e vagas de estacionamento. A previsão era que as obras começassem no início de 2009 e o estádio estivesse pronto para uso no Campeonato Mineiro de 2010. Entretanto, como o edital da obra só foi publicado em outubro de 2009, já com reduções, ao custo de R$ 46 milhões, foi preciso investir R$ 13 milhões na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas.
A capacidade no Horto já tinha sido reduzida então para 25 mil pessoas e o prédio multiuso - inserido por exigência do Ministério do Turismo, responsável pelo recurso federal -, que receberia salas de aula de cursos profissionalizantes, camarotes e vestiários, foi cortado após a assinatura dos contratos. Além disso, nesse edital não estavam contemplados o gramado, a cobertura e as traves, dentre outros itens essenciais a um estádio de futebol. Para completar o que faltava, no último dia 31 de março foi publicado um novo edital, no valor de R$ 50,5 milhões, quando pela primeira vez se falou em uma segunda etapa para a obra.
Quando foi publicado o primeiro edital, a promessa era que o estádio estivesse pronto em outubro de 2010. Entretanto, houve quatro remarcações na data de entrega e a última data confirmada é dezembro de 2011. Durante o ano passado foi feita a demolição das arquibancadas e dos prédios, sondagens do solo e construção de fundações.
Outro fator que fez com que a obra atrasasse foi a chuva do final do ano. Em novembro, o Governo anunciou que os pilares pré-moldados começariam a ser instalados, acelerando o cronograma. Entretanto, 15 dias depois, apenas quatro, dos 250 previstos, estavam no lugar, por causa do terreno encharcado. No começo deste ano a obra começou a andar mais rápido e grande parte dos pré-moldados foi instalada, mas ainda está longe de se parecer com um estádio de futebol.
Segundo a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), o orçamento foi alterado porque antes havia somente um projeto básico. Este documento foi substituído pelo projeto executivo, no qual foi verificado a necessidade de outras intervenções.
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