segunda-feira, 11 de abril de 2011

Atrasos no Independência abafam sucesso do Mineirão

Estádio 'alternativo' não terá sequer um jogo da Copa, mas obra vira dor de cabeça sem fim para Governo do Estado


Frederico Haikal
Independência
A estrutura do estádio sobe sem parar, assim como os custos
Enquanto em todas as outras 11 cidades-sede da Copa de 2014 o que se discute é se o estádio para o Mundial está ou não dentro do cronograma, em Belo Horizonte o destaque é o Independência, que seria a alternativa ao Mineirão enquanto ele fosse reformado.

Entretanto, com o atraso de pelo menos dois anos na entrega do estádio do Horto, que contrasta com o cumprimento do atual cronograma da obra do Gigante da Pampulha, quem está no topo das discussões é justamente o Independência.

O estádio do América não irá sediar um jogo sequer do Mundial, mas faz muita falta aos times da capital, que terão que mandar seus jogos fora de Belo Horizonte até o final deste ano.

Muitos foram os motivos para o atraso das obras no Independência: problemas na documentação, projetos de engenharia incompletos e cálculos financeiros subdimensionados. A prova disso é que no dia 11 de novembro de 2008 o senador Aécio Neves, que era o governador na época, afirmou que a obra seria muito mais modesta, com orçamento em torno de R$ 40 milhões, e o Tesouro Estadual gastaria muito menos, entre R$ 12 milhões e R$ 14 milhões.

Quase um ano depois, em setembro de 2009,o Estado foi obrigado a aumentar sua contrapartida para R$ 20 milhões. Com isso, o valor da obra chegou a R$ 50 milhões, valor que corresponde a metade do projeto original apresentado pelo América, mas tido como exequível, após alguns cortes. A obra foi licitada em outubro de 2009 por R$ 46 milhões e, atualmente, o valor chega a R$ 125 milhões, sendo R$ 95 milhões do Tesouro Estadual. Com isso, o aumento nos gastos estaduais com o estádio subiu 578% desde a primeira previsão orçamentária.

O primeiro projeto apresentado pelo América, em dezembro de 2008, previa um estádio para 30 mil torcedores, cobertura total e vagas de estacionamento. A previsão era que as obras começassem no início de 2009 e o estádio estivesse pronto para uso no Campeonato Mineiro de 2010. Entretanto, como o edital da obra só foi publicado em outubro de 2009, já com reduções, ao custo de R$ 46 milhões, foi preciso investir R$ 13 milhões na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas.

A capacidade no Horto já tinha sido reduzida então para 25 mil pessoas e o prédio multiuso - inserido por exigência do Ministério do Turismo, responsável pelo recurso federal -, que receberia salas de aula de cursos profissionalizantes, camarotes e vestiários, foi cortado após a assinatura dos contratos. Além disso, nesse edital não estavam contemplados o gramado, a cobertura e as traves, dentre outros itens essenciais a um estádio de futebol. Para completar o que faltava, no último dia 31 de março foi publicado um novo edital, no valor de R$ 50,5 milhões, quando pela primeira vez se falou em uma segunda etapa para a obra.

Quando foi publicado o primeiro edital, a promessa era que o estádio estivesse pronto em outubro de 2010. Entretanto, houve quatro remarcações na data de entrega e a última data confirmada é dezembro de 2011. Durante o ano passado foi feita a demolição das arquibancadas e dos prédios, sondagens do solo e construção de fundações.

Outro fator que fez com que a obra atrasasse foi a chuva do final do ano. Em novembro, o Governo anunciou que os pilares pré-moldados começariam a ser instalados, acelerando o cronograma. Entretanto, 15 dias depois, apenas quatro, dos 250 previstos, estavam no lugar, por causa do terreno encharcado. No começo deste ano a obra começou a andar mais rápido e grande parte dos pré-moldados foi instalada, mas ainda está longe de se parecer com um estádio de futebol.

Segundo a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), o orçamento foi alterado porque antes havia somente um projeto básico. Este documento foi substituído pelo projeto executivo, no qual foi verificado a necessidade de outras intervenções.

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