segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Patrus lançado para Minas 2010 (Tribuna da Imprensa)

Encontro de ala petista é marcado por críticas à aliança entre prefeito de BH e PSDB

BELO HORIZONTE - A candidatura do ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) ao governo de Minas em 2010 foi defendida ontem por petistas ligados à corrente Articulação, entre eles o ministro Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci.

O encontro estadual da tendência partidária também foi marcado por críticas à aliança costurada pelo prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), com o PSDB do governador Aécio Neves na eleição municipal. Pimentel não foi convidado para a reunião. Indiferente ao encontro da tendência ao qual é ligado no plano nacional, viajou para Paris, onde participou de reuniões ao lado de Aécio.

Dulci evitou comentar a especulação em torno de um eventual convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o prefeito assuma uma pasta ministerial. Ele destacou que se trata de uma atribuição exclusiva do presidente. "Qualquer decisão do presidente Lula sobre montagem de equipe do governo será respeitada por nós. Mas, obviamente, é uma atribuição pessoal dele".

Estrelas do evento, Patrus e Dulci pregaram o fim da guerra interna no PT mineiro - deflagrada após a polêmica aliança e tendo como pano de fundo a disputa entre o próprio ministro do Desenvolvimento Social e o prefeito pela indicação como candidato ao governo em 2010 - e defenderam que Pimentel não seja punido por, conforme acusam setores da Articulação, ter desrespeitado a orientação nacional da legenda. "Eu, particularmente, não defendo nenhum tipo de punição para ninguém", disse o ministro da Secretaria Geral da Presidência.

Segundo ele, as críticas ao processo em Belo Horizonte são legítimas, mas não devem nortear o esforço do PT para "oferecer a Minas Gerais uma alternativa". "Que a partir de 2010 Minas tenha um governo progressista, um governo que tenha o social como prioridade efetiva, o que não aconteceu nos últimos seis anos. Que não seja neoliberal, que seja um governo de centro-esquerda".

No seu discurso, Dulci disse que tem "muito entusiasmo" com a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para a sucessão de Lula e do colega Patrus para o Palácio da Liberdade em 2010. "Se depender das lideranças que estavam aqui, nós deveríamos lançar o ministro Patrus para governador do Estado", afirmou, em entrevista. "Avançar na luta contra o neoliberalismo: Patrus - governador; Dilma - presidente", dizia uma das faixas afixadas no auditório do Sesc Contagem/Betim, na região metropolitana da capital, local do encontro.

Embora cauteloso, o ministro do Desenvolvimento Social admitiu claramente pela primeira vez a possibilidade de sair candidato ao Palácio da Liberdade. "Sempre defendi a política como um espaço coletivo, ninguém faz nada na vida sozinho, muito menos na política. Portanto, estou me colocando, sim, na perspectiva de nós construirmos um projeto alternativo de desenvolvimento econômico, mas também vinculado ao desenvolvimento social, ambiental, cultural. Um projeto democrático popular para Minas", disse ele, no sábado.

O encontro estadual foi aberto na noite de sexta-feira pelo presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini, que mais uma vez criticou a aproximação de Pimentel com os tucanos e disse que o prefeito precisa rever a aliança política com Aécio caso queira ser candidato ao governo do Estado pelo PT. "O que aconteceu exige debate aprofundado e maduro. Ele precisa fazer longo processo dentro do PT para justificar e fundamentar atitudes na campanha, que acabaram fortalecendo a relação com o adversário".

Questionado, Berzoini se negou a avaliar a hipótese de indicação de Pimentel para a Esplanada e pôs em dúvida as chances do prefeito. "Quem indica o ministério é o Lula e eu sequer sei se ele quer mudanças no grupo atual".

Cerca de 500 militantes acompanharam os três dias de reunião. A tendência interna petista se articula para o Processo de Eleições Diretas (PED) em 2009, que indicará a nova direção do partido no Estado. Durante o encontro, lideranças criticaram o que chamaram de "filiações em massa" ao partido, que estariam sendo comandadas pelo grupo de Pimentel.

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