terça-feira, 25 de maio de 2010

Aécio Neves:‘Minha prioridade continua sendo Minas’


Ex-governador mineiro deve encontrar Serra segunda-feira



Marcello Casal/ABr



Depois de uma ausência de 26 dias, Aécio Neves retorna nesta terça (25) da viagem de descanso que fez ao exterior.



Chega com o mesmo discurso que exibia antes de submergir: “Minha prioridade continua sendo Minas”, disse, em diálogo telefônico de 48 horas atrás.



As cúpulas do PSDB e do DEM pressionam Aécio a aceitar a posição de vice na chapa de José Serra. Ele até admite discutir a ideia. Porém...



Porém, afirma que não lhe foi apresentado, por ora, argumento capaz de convencê-lo a trocar a candidatura ao Senado pela posição de segundo de Serra.



O assédio a Aécio, que já era intenso, aumentou depois que o Datafolha revelou que Dilma Rousseff empatou com Serra na casa dos 37%.



Líderes oposicionistas que trocaram telefonemas com Aécio na fase de repouso recolheram a impressão de que ele evoluía em direção à vice. Não é bem assim.



Vai abaixo um resumo do que declarou Aécio nos diálogos que manteve com o Brasil nas últimas horas:



1. Acha que sua conversão em vice de Serra geraria um estrépito cujos efeitos seriam mais midiáticos do que práticos.



2. Imagina que frequentaria as manchetes por uma semana. Mas o estrondo não resultaria na subida instantânea de Serra nas pesquisas.



3. Supondo que transferisse 20% dos votos que lhe são fiéis em Minas, Aécio agregaria, em âmbito nacional, algo como dois pontos percentuais na conta de Serra.



4. Ou seja, as pesquisas se moveriam, num primeiro momento, dentro da margem de erro dos institutos.



5. Aécio acha que, bem avaliado como é, está como que condenado a eleger o seu sucessor em Minas. Sob pena de emergir das urnas de 2010 com cara de derrotado.



6. Vem daí a decisão de priorizar Minas Gerais. Para complicar, o candidato de Aécio, Antonio Anastasia, patina nas pesquisas.



7. Vice de Aécio, Anastasia herdou a cadeira de governador. A despeito disso, é desconhecido por cerca de 40% do eleitorado mineiro.



8. No embate direto com Hélio Costa, o candidato do PMDB, Anastasia amealha nas pesquisas entre 16% e 17%, contra mais de 50% de seu rival.



9. Embora Aécio evite usar o termo, Anastasia é, em Minas, um candidato-poste. No papel de cabo eleitoral, o ex-governador se auto-atribui a tarefa de eletrificá-lo.



10. Aécio antevê uma campanha difícil. A mais dura que o PSDB já enfrentou no Estado. Prevê que PMDB e PT irão às urnas num mesmo palanque.



11. Mais e pior: decidido a eleger Dilma, Lula será frequentador assíduo do palanque mineiro. Ou seja, Aécio terá de jogar o seu prestígio pessoal contra o de Lula.



12. Diante desse quadro, Aécio intui que as evidências o aconselham a manter os pés fincados em Minas.



13. O tucanato federal contrapõe o argumento de que, como vice, levado à vitrine nacional, Aécio reuniria melhores condições de catapultar Anastasia.



14. Aécio descrê dessa fórmula. Diz que, por ora, não foi à mesa argumento capaz de convencê-lo de que, distanciando-se de Minas, terá melhor sorte.



15. Em timbre irônico, o grão-duque do tucanato mineiro chega mesmo a dizer que, se o partido o considerasse tão relevante, seria o presidenciável, não o vice.



16. Aécio acha que, voltando-se para Minas, ajuda mais à campanha de Serra. Receia que o eleitorado do Estado interprete sua assunção à vice como uma capitulação.



17. Por todas essas razões, Aécio admite conversar. Mas condiciona uma mudança de posição ao surgimento de elementos convincentes.



18. Atribui a ansiedade à ascensão de Dilma. Diz que há problemas na campanha de Serra que não estão relacionados à escolha do vice. Não os explicitou.



19. Nesta quarta (26), Aécio retoma, com atraso, a agenda de eventos destinados a associar a imagem do “poste” Anastasia à sua.



20. Não há, por enquanto, reuniões agendadas com as lideranças nacionais da oposição.



21. Mantido o calendário atual, Aécio só deve encontrar Serra num evento marcado para a próxima segunda (31), em Uberaba.



22. Aécio chega disposto a dialogar. Mas uma mudança de posição depende do surgimento de argumentos que lhe pareçam convincentes.



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Escrito por Josias de Souza às 05h30

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