sábado, 23 de abril de 2011

Armadilhas desafiam motoristas nas estradas de Minas

Erosões e deslizamentos de terra tomam conta da MGC-259, entre Governador Valadares e Gonzaga


LEONARDO MORAIS
Erosão entre Santa Efigênia de Minas e Gonzaga
Erosão na rodovia obriga condutores a trafegar em meia-pista
LEONARDO MORAIS
Erosão entre Santa Efigênia de Minas e Gonzaga
Deslizamentos de terra são comuns em vários trechos da MGC-259
          Motoristas que passam pelos 86 quilômetros da MGC-259, entre Governador Valadares e Gonzaga, no Vale do Rio Doce, precisam redobrar a atenção e tirar o pé do acelerador. O trecho tem traçado sinuoso que alterna subidas e descidas. Não há acostamento e são poucos os pontos de ultrapassagem. Ao longo da rodovia, ocorreram vários deslizamentos de terra e erosões. Além disso, a precária sinalização deixa a viagem ainda mais perigosa.

Segundo o Departamento de Estradas e Rodagem de Minas Gerais (DER), cerca de 800 veículos circulam, diariamente, pela via. A estrada foi construída pela União, mas está sob responsabilidade do Estado.

O DER já encaminhou projetos para a recuperação do trecho. No escritório do órgão em Valadares, que cuida da manutenção de 41 quilômetros da rodovia, entre o entroncamento com a BR-116 e o trevo de acesso a Coroaci, a reforma da pista deve começar nos próximos dias. A informação foi dada pelo coordenador regional da unidade, Geraldo Falci.

Orçada em R$ 1,5 milhão, a obra prevê reformas de trechos críticos, como a contenção da erosão na cabeceira de uma ponte, próxima à entrada para o distrito de Brejaubinha, na zona rural de Valadares. A intervenção também dará fim ao mato que já encobre as placas de sinalização e ameaça invadir a pista.

Enquanto a revitalização não sai do papel, quem precisa seguir pelo trecho reclama da falta de segurança, como o representante de vendas Marco Antônio Neuman. "Passo sempre por aqui e cada vez é uma surpresa diferente, como deslizamentos de terra e erosões", diz Neuman.

O representante comercial, Olavo Roberto Dias, 45 anos, precisou parar em uma borracharia depois que o pneu de seu carro furou ao passar em um buraco, próximo ao distrito de Santo Antônio do Porto, em Valadares. "Falam que a BR-381 é a rodovia da morte, mas essa daqui é tão perigosa quanto", desabafou Olavo Dias.

Abandono em outras BRs 


Não é só a MGC-259 que desafia os motoristas na Região Leste de Minas. Sinais de má conservação e abandono também acompanham outras rodovias.

Na BR-116, um deslizamento de terra obriga os motoristas a passarem pela contramão, no trecho próximo a Mathias Lobato. O problema existe desde janeiro.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que uma equipe está no local para resolver o problema.

Na BR-259, um buraco provocou a interdição do trecho em Governador Valadares, Leste do Estado. A cratera se formou há duas semanas, na altura do KM 151. A rodovia liga Valadares ao Espírito Santo. No local passam cerca de 2 mil veículos por dia. O trecho apresenta problemas desde o ano passado. Em dezembro, por causa de uma erosão provocada pelas chuvas, a pista teve que ser interditada.

A LMG-682, que liga Águas Formosas a Machacalis, no Vale do Mucuri, é mais um exemplo. A rodovia está interditada. Uma cratera que ocupa 13 metros da pista foi aberta na altura do KM 17, depois que a cheia do Rio Alcobaça destruiu a manilha por onde as águas passavam. O vice-prefeito de Monte Formoso morreu, recentemente, ao cair na cratera. Os motoristas são obrigados a pegar um desvio de 50 quilômetros. A previsão é de que a obra de recuperação fique pronta em 40 dias.

Sem dados de mortes e acidentes

Apesar da Polícia Militar Rodoviária não ter estatísticas de acidentes no trecho, quem mora às margens da estrada diz que é comum ajudar motoristas que se envolvem em colisões na rodovia. A dona de casa Celina Francisco, 63 anos, mora em uma casa a menos de 200 metros da pista, no distrito de Pontal. Ela não consegue esquecer um trágico acidente ocorrido no local. Um caminhão que carregava animais bateu de frente em um carro de passeio com cinco pessoas. Três delas morreram. "Deveriam alargar a rodovia. O motorista não tem direito ao erro. Uma falha é quase sempre fatal", afirma Celina Francisco.

Há três anos, a dona de casa Márcia Augusto, 58 anos, perdeu o filho Thiago Augusto, em um acidente próximo ao mesmo distrito. O jovem, com 28 anos na época, perdeu o controle da direção do veículo e bateu em uma carreta que vinha no sentido contrário. "Esse acidente interrompeu o sonho e a carreira do meu filho. Ele tinha passado, recentemente, em um concurso no Ministério Público", lamentou a mãe.

Tráfego em meia-pista

Próximo a Gonzaga, um deslizamento de terra ocupa meia-pista. Não há sinalização e motoristas precisam invadir a contramão para desviar. Três quilômetros depois, uma erosão formada em uma curva ocupa mais da metade da rodovia. Apesar de sinalizado, o trecho também é motivo de reclamação. "Os órgãos responsáveis só vão se preocupar quando uma tragédia acontecer, e isso não está muito distante. Na semana passada, um caminhão quase bateu em outro quando o motorista tentou desviar da erosão", contou o condutor Alfredo Sampaio do Carmo, 42 anos.

Preocupado, o prefeito de Santa Efigênia de Minas, Rildo Carvalho da Cunha, disse que já encaminhou às autoridades pedido para que seja feita a reforma na MGC-259 até Valadares. Segundo ele, além de milhares de vidas em risco, o comércio das cidades cortadas pela rodovia também pode ser prejudicado, caso volte a chover e não haja mais condições de circulação.

A responsabilidade deste trecho fica a cargo do DER de Guanhães. O coordenador do órgão na cidade, Carlos Fernandes Ferraci, disse que as contenções da erosão e do deslizamento de terra vão custar cerca de R$ 300 mil. No entanto, ainda é preciso aguardar pela liberação dos recursos. Segundo ele, a limpeza do mato na região será feita em maio.

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